Publicado em: 07/10/2024 às 00:56:46
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Em breve, mudanças importantes podem acontecer para os cidadãos dos países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) que desejam residir em Portugal. O Parlamento português está prestes a votar uma proposta de lei que visa alterar o título de residência da CPLP para um formato mais padronizado, em cartão, assim como as demais autorizações de residência. Essa mudança trará benefícios como a permissão de viagens pelo Espaço Schengen, a possibilidade de reagrupamento familiar e uma maior validade dos documentos.
Faltam apenas 10 dias para que o Parlamento de Portugal vote essa proposta, marcada para ser o primeiro item da sessão do dia 11 de outubro, às 10h. Caso a lei seja aprovada, o título de residência da CPLP passará a ter a mesma validade e formato que as autorizações concedidas a outros cidadãos de fora da União Europeia.
A votação será um desafio para o Governo de Luís Montenegro, já que, sem maioria, será necessário negociar votos à esquerda, uma vez que a bancada do Chega, a terceira maior do Parlamento, se posiciona contra a proposta.
A principal mudança será deixar de tratar os cidadãos da CPLP como “cidadãos de segunda”, como apontou o ministro da Presidência, Leitão Amaro. Atualmente, o título de residência da CPLP é válido por um ano e impede a circulação pelo Espaço Schengen. Com a nova lei, a validade será estendida para dois anos, permitindo a mesma mobilidade concedida a outros residentes em Portugal.
Além disso, a proposta prevê a criação da Unidade de Estrangeiros e Fronteiras (UEF) dentro da Polícia de Segurança Pública (PSP), um novo sistema de controle de entrada e saída de pessoas de fora do espaço europeu, e um regime para afastamento e retorno de imigrantes em situação irregular.
Após a aprovação da lei pelo Parlamento e sua promulgação pelo Presidente da República, o Governo poderá emitir os títulos de residência CPLP em um “modelo uniforme”, o mesmo utilizado para outras autorizações de residência, em formato de cartão.
Uma mudança importante é que cidadãos do Brasil e de Timor-Leste, que entram em Portugal sem a necessidade de visto, poderão solicitar a autorização de residência já estando no país. Esse processo é semelhante ao antigo mecanismo das manifestações de interesse, que foi extinto pelo atual Governo.
A sessão da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), que permitirá o pedido de residência para quem entrou sem visto, também será ativada, garantindo mais agilidade no processo.
Após a aprovação pelo Parlamento, a proposta segue para o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que terá até 20 dias para vetar ou promulgar a lei. Caso seja promulgada, ela entra em vigor no primeiro dia útil após sua publicação no Diário da República (DRE).
Neste período, o Governo precisará garantir a aplicação prática das mudanças, como a ativação dos sistemas digitais, o agendamento para a coleta dos dados biométricos dos imigrantes e a emissão dos novos documentos.
Para muitos cidadãos da CPLP, essa proposta significa mais do que um novo documento. Representa igualdade de direitos e acesso a oportunidades. A possibilidade de viajar livremente pelo Espaço Schengen, reunir a família em Portugal e ter um título de residência de maior duração são avanços que trarão mais segurança e integração para esses imigrantes.
Essa mudança é um passo importante na construção de uma política de imigração mais justa e inclusiva em Portugal, permitindo que todos sejam tratados com a mesma dignidade e respeito, independentemente de sua origem.
Fonte: DN Brasil
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