Publicado em: 13/11/2023 às 11:25:23
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Em um estudo inovador realizado pela renomada socióloga brasileira Dra. Thaís França, doutora em Sociologia pela Universidade de Coimbra, Portugal surge como um novo epicentro no mapa do movimento anti-imigração na Europa. Apesar de ainda não estar completamente consolidado, esse fenômeno reflete a crescente presença de estrangeiros, notadamente brasileiros, no país.
Recentes eventos, como os clamores de “volta para o seu país” ouvidos em Porto, ilustram uma tendência alarmante. Denúncias de agressões, algumas resultando em mortes ou lesões graves, como o trágico caso de Jefferson Tenório, destacam a urgência de enfrentar esse fenômeno. Surpreendentemente, alguns desses atos de violência têm sido atribuídos às forças policiais, cujo papel fundamental é garantir a segurança de todos, independentemente de sua nacionalidade.
O estudo, intitulado “Mapping Out: Portugal on the European anti-immigrant movements map,” ao qual tivemos acesso exclusivo, emite um alerta claro: os movimentos anti-imigração em Portugal não são inexistentes, mas encontram-se em um momento de (re)organização, operando principalmente em redes mais restritas.
O avanço da extrema-direita em Portugal tem impulsionado a hostilidade contra imigrantes, especialmente entre grupos que se sentem ameaçados pela abertura do país. Setores-chave, como construção civil e turismo, que dependem significativamente da mão de obra estrangeira, enfrentam resistência devido aos baixos salários.
Para a Dra. Thaís França, embora a imigração não esteja no centro da agenda dos partidos de direita em Portugal, o endurecimento das políticas migratórias e de acesso à nacionalidade é uma demanda explícita do partido de extrema direita, Chega. Isso acontece concomitantemente ao PSD, principal partido de oposição, adotando posturas mais conservadoras sobre o tema.
Infelizmente, as ações dos movimentos anti-imigração têm recebido pouca visibilidade em termos de mobilizações de rua e cobertura midiática em Portugal. O aumento dos discursos de ódio e dos episódios de violência destaca a necessidade de reconhecer que essas mobilizações não são inexistentes no país.
A negação do racismo em Portugal e a retórica de país aberto e tolerante contribuem para minimizar esses eventos como casos isolados. A Dra. França destaca a importância de os decisores políticos não subestimarem o potencial desses movimentos nos próximos anos, instando as autoridades a agirem tempestivamente para evitar uma escalada, como ocorreu em outros países europeus.
O estudo “Mapping Out” está programado para ser lançado em 29 de novembro na Universidade de Lisboa. Esta pesquisa faz parte de uma colaboração transnacional liderada por Kristian Berg Harpviken Peach, professor do Research Institute Oslo (Prio), na Noruega, que investiga as mobilizações anti-imigração em diferentes países da Europa, incluindo Alemanha, Itália, Polônia, Reino Unido e Portugal, analisando suas dinâmicas transnacionais e o impacto sobre as respectivas agendas nacionais e europeias de migração.
Fonte: Blog do Vicente – Correios Braziliense.
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