No universo do trabalho, um assunto sério precisa ser discutido: o assédio no ambiente profissional. A Ordem dos Psicólogos lançou um guia prático para ajudar quem enfrenta esse problema, oferecendo orientações simples sobre o que fazer diante dessa situação complicada.

Desvendando o Assédio no Trabalho: A Ordem dos Psicólogos lançou um documento que quer ser um guia útil para quem está sofrendo assédio no trabalho e não sabe como agir. Reconhecer e lidar com o assédio no trabalho, como apontado pela Ordem, não é fácil, porque é difícil provar que isso está acontecendo, mesmo que seja algo que afeta uma em cada cinco pessoas empregadas, segundo um estudo global da Organização Internacional do Trabalho.
O guia destaca uma realidade triste: muitas vezes, as pessoas não denunciam o assédio no trabalho, seja por medo de retaliação ou pela falta de provas concretas.
Diferença entre Assédio Sexual e Moral: Enquanto ouvimos falar bastante sobre casos de assédio sexual, a Ordem dos Psicólogos chama a atenção para o assédio moral, que é mais sutil e difícil de reconhecer. O documento destaca a importância de dar atenção a essas situações menos visíveis, promovendo a conscientização e encorajando as denúncias.
Empresas se Comprometem com a Causa: Apesar dos desafios, há notícias boas. Muitas empresas estão tomando medidas para combater o assédio no trabalho. Elas estão implementando códigos de conduta que cobrem tanto o assédio sexual quanto o moral. Essas regras incluem instruções claras e formas de denunciar, mostrando que as empresas estão comprometidas em criar ambientes de trabalho seguros e respeitosos.
Guia Prático para Enfrentar o Assédio: O relatório da Ordem dos Psicólogos, também conhecido como Mobbing, quer ser uma ferramenta útil para quem enfrenta o assédio no trabalho e não sabe o que fazer. O guia traz uma série de perguntas e respostas práticas, ajudando a entender o que caracteriza o assédio no trabalho.
Desvendando o Assédio: Perguntas Simples e Importantes: Dentro do guia, a Ordem dos Psicólogos explora o que é o assédio no trabalho, fazendo perguntas simples que ajudam as vítimas a entenderem melhor a situação e a encontrar um caminho para agir.
Em um momento em que a sociedade pede por ambientes de trabalho mais seguros e justos, a iniciativa da Ordem dos Psicólogos se destaca como um guia confiável, mostrando o caminho para uma mudança real na forma como enfrentamos o assédio no trabalho.
Desvendando as Dinâmicas do Assédio no Ambiente Profissional
No complexo cenário do assédio no trabalho, é crucial compreender quem são as partes envolvidas, os diferentes tipos de assédio e como reconhecer essas situações delicadas.
Identificando Vítimas, Agressores e Testemunhas: O assédio no trabalho não escolhe hierarquias. Pode ocorrer entre colegas de mesmo nível hierárquico (assédio horizontal) ou entre trabalhadores e/ou superiores hierárquicos (assédio vertical). Surpreendentemente, também pode envolver pessoas externas à organização, como clientes ou fornecedores. Qualquer indivíduo pode ser vítima ou agressor, embora as situações de assédio vertical descendente sejam as mais comuns.
Além das vítimas e agressores, um terceiro grupo crucial são as testemunhas. No entanto, essas pessoas podem enfrentar dificuldades em apoiar colegas vítimas de assédio, seja pela dificuldade em reconhecer o problema ou pelo temor de represálias. Esse fenômeno contribui para uma “cultura de silêncio” na organização, perpetuando o problema.
Diversidade de Assédio: Moral e Sexual: O assédio no trabalho manifesta-se de diferentes formas. O assédio moral, também conhecido como Mobbing, ocorre quando a repetição de comportamentos constitui uma ameaça à integridade física e psicológica da pessoa. Já o assédio sexual refere-se a situações em que elementos de caráter sexual, verbal ou não-verbal, são percebidos como indesejados e abusivos.
É importante destacar que o assédio moral e sexual podem coexistir, especialmente quando o comportamento de assédio moral envolve elementos de caráter sexual.
Reconhecendo Sinais de Assédio no Trabalho: Identificar situações de assédio no trabalho pode ser desafiador, especialmente as de assédio moral. A Ordem dos Psicólogos destaca uma variedade de ações que podem caracterizar o assédio, tais como conduta agressiva, ameaças explícitas, imposição de metas inatingíveis, atribuição inadequada de funções, humilhação em público, piadas ofensivas, comentários inapropriados sobre aparência e contatos físicos indesejados.
É crucial compreender que essas situações podem ser difíceis de serem reconhecidas pela própria pessoa ou pelos colegas, exigindo uma atenção cuidadosa para promover ambientes de trabalho saudáveis e seguros.
Reconhecendo o Assédio no Ambiente Profissional: Perguntas Cruciais
Em determinadas circunstâncias, os colaboradores podem se deparar com desafios ao distinguir entre situações de assédio, conflitos e exercício do poder hierárquico. Para facilitar a identificação de potenciais casos de assédio, algumas questões simples se revelam fundamentais:
- O comportamento causa desconforto?
- Se as ações, palavras ou atitudes no ambiente de trabalho geram desconforto, isso pode indicar a presença de assédio.
- O comportamento é recorrente ou foi um incidente sério isolado?
- Avaliar se o comportamento é repetitivo ajuda a determinar se é um evento único grave ou parte de um padrão.
- O comportamento é indesejado?
- A não aceitação do comportamento, indo contra os limites pessoais, pode caracterizar a situação como assédio.
- O comportamento impacta a dignidade ou o bem-estar físico e psicológico?
- Caso o comportamento tenha efeitos negativos na integridade física ou psicológica, pode configurar uma situação de assédio.
- O comportamento cria um ambiente de trabalho hostil e desestabilizador?
- Se o ambiente de trabalho torna-se intimidatório e desestabilizador devido ao comportamento, isso pode sugerir a ocorrência de assédio.
Navegando por Situações de Assédio: Diretrizes Práticas
Enfrentar uma situação de assédio pode ser desafiador. O documento enfatiza que a denúncia é uma escolha pessoal, reconhecendo as dificuldades de comprovar tais situações e os possíveis impactos negativos para quem denuncia. Contudo, a crescente visibilidade dessas situações e a responsabilização dos agressores contribuem para reduzir o assédio no ambiente de trabalho.
Independentemente da decisão, algumas ações práticas podem ser úteis:
- Registrar ativamente incidentes de assédio no trabalho:
- Documentar ocorrências, anotando datas e comportamentos, e preservando evidências como e-mails ou SMS, pode ser crucial para uma eventual denúncia.
- Definir limites explicitamente:
- Manifestar claramente a inaceitabilidade do assédio é fundamental para estabelecer limites, sempre que se sentir seguro para fazê-lo.
- Compreender a legislação em vigor:
- Em Portugal, a proibição do assédio no trabalho é respaldada por leis que protegem vítimas, denunciantes e testemunhas contra possíveis retaliações.
- Saber como reportar uma queixa:
- Sites como a Autoridade para as Condições do Trabalho e a Inspeção-Geral de Finanças fornecem informações e formulários para apresentação de queixas. Órgãos como a Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, tribunais e centrais sindicais estão igualmente disponíveis para oferecer suporte.

Cenário do Assédio no Trabalho em Portugal: Números e Desafios
Embora não haja estatísticas precisas, dados de 2016 indicam que 16,5% dos trabalhadores já enfrentaram assédio moral, e 12,6% foram vítimas de assédio sexual. Em 2022, a APAV registrou 160 queixas de assédio sexual e moral, representando um aumento; contudo, muitos casos ainda não são oficialmente registrados devido à relutância das vítimas.
Fonte: visao.pt