Corrida pela Vida: Criança viaja 360 Km para Cirurgia

Na sequência do fechamento de múltiplas unidades de urgência em torno do Hospital de Guimarães, uma dramática história se desenrolou, evidenciando as consequências reais das medidas adotadas no sistema de saúde. Nesta semana, 33 serviços de urgência do Serviço Nacional de Saúde (SNS) foram impactados, resultando na viagem extenuante de uma criança, percorrendo mais de 360 quilômetros em busca de assistência médica urgente em Lisboa.

O Hospital D. Estefânia, integrante do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC), foi palco desse evento marcante na última segunda-feira, quando uma fonte confiável revelou que a unidade de urgência recebeu uma criança em estado crítico, proveniente do Hospital de Guimarães. A transferência foi uma resposta às limitações nas instalações locais, agravadas pelo fechamento de serviços devido à escassez de médicos para cobrir as escalas.

Às 17:00, o Hospital D. Estefânia, que já enfrentava uma carga considerável de atendimentos, acolheu a criança em necessidade urgente de cirurgia pediátrica. Esta situação foi destacada como “o caso mais elucidativo” das restrições e fechamentos causados pela falta de profissionais médicos.

O D. Estefânia, um hospital pediátrico vital, enfrenta um aumento significativo na demanda, com uma média de 300 pacientes diários no serviço de urgência. Em 13 de novembro, atingiu um preocupante recorde de 378 episódios de urgência, conforme relatado pela mesma fonte, refletindo uma situação “muito complicada”.

Os números recentes indicam uma escalada na procura por serviços médicos, com o serviço de urgência do D. Estefânia registrando 288 casos no domingo, 296 no sábado e um aumento de 62 casos na sexta-feira, em comparação com 10 de dezembro de 2022.

No entanto, esta crise não é exclusiva de Lisboa. De acordo com a Direção Executiva do SNS, 33 serviços de urgência em todo o país operarão com limitações nesta semana. O novo plano de reorganização da rede de serviços de urgência do SNS, para o período entre 10 e 17 de dezembro, aponta que apenas 50 unidades estarão em pleno funcionamento, impactando áreas críticas como cirurgia geral, pediatria, ortopedia e ginecologia e obstetrícia.

Essas restrições também se estendem às urgências da Via Verde AVC em quatro hospitais: Viana do Castelo, Guarda, Santarém e Garcia de Orta, em Almada. A situação sublinha a urgência de abordar as deficiências no sistema de saúde nacional, enquanto a odisseia de uma criança serve como um doloroso lembrete das lacunas existentes e da necessidade de ações imediatas para melhorar a situação.

Fonte: SIC Notícias