Publicado em: 17/08/2024 às 02:23:43
Tempo estimado de leitura 2 minuto(s)
Em Portugal, muitas mulheres grávidas enfrentam grandes desafios no acesso a cuidados de ginecologia e obstetrícia. Relatos recentes de seis mulheres expõem uma realidade preocupante: dificuldades para acessar urgências, longas viagens para consultas e a falta de vagas em hospitais.
Um dos maiores problemas relatados é a dificuldade em obter atendimento em urgências. Filipa Costa, grávida pela terceira vez, compara a situação atual com sua primeira gravidez em 2020 e percebe uma piora significativa. “O atendimento agora é completamente diferente. Tive perdas de sangue e sinto que nunca sabem para onde nos mandar”, desabafa Filipa. O fechamento rotativo de serviços e a sobrecarga dos hospitais são fatores que contribuem para a situação.
Raquel Ferreira, que recentemente deu à luz, relata uma experiência angustiante ao tentar encontrar um hospital disponível. “Cheguei ao Beatriz Ângelo e descobri que não havia vagas. Só consegui ser atendida no Beatriz Ângelo depois de muita pressão e sem epidural por várias horas”, conta Raquel.
A necessidade de percorrer longas distâncias para atendimento é outra questão crítica. Mulheres de várias regiões, como Torres Vedras e Leiria, têm que viajar dezenas de quilômetros para encontrar um hospital disponível. Inês Freire, grávida de risco, precisa viajar até Coimbra para o acompanhamento da gravidez. “Se não tivesse uma condição de risco, teria que ir para Leiria, o que me causaria grande preocupação”, revela Inês.
A falta de vagas nos hospitais públicos faz com que muitas grávidas optem por seguros de saúde privados, quando possível. Este suporte financeiro permite o acompanhamento necessário, mas nem todas as mulheres têm acesso a esse benefício.
O setor público enfrenta uma pressão crescente, agravada pelo aumento da demanda e pelas férias dos profissionais de saúde. Sara do Vale, da Associação Portuguesa de Direitos da Mulher na Gravidez e Parto, destaca que muitas mulheres não têm o acompanhamento adequado durante a gravidez. Ela lamenta que “as pessoas não têm noção do que se está a passar nos hospitais”, citando casos onde mulheres chegam ao hospital já com o bebê nos braços devido à falta de assistência oportuna.
Enquanto o Norte de Portugal, com hospitais como o de Vila Nova de Gaia e o Centro Hospitalar Universitário de São João, apresenta uma situação relativamente mais estável, a situação no Sul é mais crítica. Luísa Azeredo, grávida no Norte, não enfrenta problemas semelhantes e prefere o atendimento público, dada a qualidade dos cuidados recebidos anteriormente.
Por outro lado, a falta de opções no setor público faz com que muitas grávidas recorram ao setor privado, se tiverem condições financeiras para isso. Andreia Rocha, que está prestes a dar à luz, destaca que o seguro de saúde oferecido pela empresa é essencial para evitar a ansiedade causada pela incerteza do atendimento público.
O cenário atual revela uma situação desafiadora para grávidas em Portugal. O acesso a cuidados de saúde de qualidade está comprometido devido à sobrecarga dos hospitais e à falta de vagas, especialmente nas regiões mais afetadas. A situação evidencia a necessidade urgente de melhorias no sistema de saúde para garantir que todas as mulheres tenham acesso a cuidados adequados durante a gravidez e o parto.
Fonte: CNN Portugal
© Todos os direitos reservados. 2023