Publicado em: 28/11/2023 às 18:20:44
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A Polícia Judiciária portuguesa está no centro de uma investigação em andamento que visa desmantelar um esquema ilegal de obtenção de vistos e nacionalidade portuguesa, supostamente facilitado por funcionários do consulado português no Rio de Janeiro. O foco da operação recai sobre duas das maiores organizações criminosas do Brasil: o Primeiro Comando da Capital (PCC), com base em São Paulo, e o Comando Vermelho, no Rio.
A revelação do escândalo foi feita em um comunicado oficial divulgado nesta segunda-feira (27) pela Polícia Judiciária. As autoridades portuguesas estão conduzindo buscas tanto em território português quanto no Brasil, com o objetivo de apurar suspeitas de corrupção dentro do consulado do Rio de Janeiro. De acordo com informações do jornal português Diário de Noticias, a polícia suspeita que membros de organizações criminosas brasileiras estariam se beneficiando de práticas ilícitas dentro do consulado para obter vistos que possibilitam suas viagens para Portugal.
A cooperação entre os dois países impulsiona essa investigação, que busca “desmantelar procedimentos que permitem a legalização e certificação ilegal de documentos para obtenção da nacionalidade portuguesa ou de vistos”, conforme explicado em comunicado pela Polícia Judiciária.
O Diário de Noticias relata casos chocantes de fraudes, incluindo a obtenção de nacionalidade portuguesa por “mortos ressuscitados”, que falsificaram documentos. A localização do consulado em Botafogo, próximo à favela de Santa Marta, controlada pelo Comando Vermelho, aumenta a complexidade do caso.
Os investigadores portugueses estão levantando suspeitas de corrupção passiva e ativa, desvio de fundos, usurpação de funções, abuso de poder e falsificação de documentos. Dez pessoas, incluindo brasileiros, funcionários, ex-funcionários e pessoas próximas aos funcionários, já foram indiciadas. Cerca de cem processos administrativos estão sob suspeita de fraude.
Além disso, o esquema ilícito envolveria a “atribuição de horários” no consulado e o “acesso a informações privilegiadas”, conforme destacado pela polícia portuguesa. O custo do serviço para furar a fila no consulado era de aproximadamente € 300, conforme informações do Diário de Noticias.
A reportagem destaca que o consulado se tornou alvo de organizações criminosas, levando à instalação de uma “sala do pânico” após um incidente violento em outubro de 2021. O cônsul Luís Gaspar da Silva e sua família foram feitos reféns durante um suposto roubo, levando ao reforço da segurança.
Além das implicações no processo de obtenção de vistos, a investigação busca estabelecer conexões entre o esquema de corrupção e a possível instalação de membros do PCC em Portugal, visando facilitar o tráfico de cocaína para um dos principais mercados mundiais na Europa. O escândalo está lançando luz sobre a vulnerabilidade dos processos consulares e as implicações dessas atividades ilícitas nas relações bilaterais entre Brasil e Portugal.
Fonte: UOL Notícias.
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